Confissões do Crematório - Caitlin Doughty (Resumo da obra e Comentários)
"Confissões do Crematório, Caitlin Doughty" |
Resumo
Confissões do Crematório, obra literária da Escritora, Agente funerária e Youtuber Caitlin Doughty, relata com contexto histórico, autobiográfico e filosófico sobre o tema da morte de uma forma argumentativa, descritiva e irreverente. Apesar de ser um assunto mórbido, a autora expõe os acontecimentos de maneira descontraída e algumas vezes cômica.
O livro é composto por várias histórias reais sobre o cotidiano do trabalho em uma Agência funerária, a autora mescla esses acontecimentos com a filosofia e mitologia, pois Caitlin formou-se em História Medieval antes de trabalhar na Westwind uma agência funerária de Los Angeles.
Seu primeiro dia de trabalho foi barbear um Senhor morto, ela conta de uma forma engraçada quando após ser cremado, o Crânio do Senhor se espatifou em suas mãos.
Na verdade, nada disso a surpreendia, pois, sempre foi fissurada pela morte, resultado de quando na infância aconteceu a morte de seu peixinho de estimação e o dramático passamento de uma garotinha no shopping, na verdade Caitlin já tinha em um sua essência o interesse sobre esse assunto.
Todas as suas narrativas possuem uma reflexão de aprendizado para levar na vida, para tanto, a autora cita os aspectos das ações interagindo com os leitores ou consigo mesmo sobre o que aprendeu disso tudo, além das fantásticas citações históricas envolvendo a morte, as quais muito interessantes, tais como: o povo Wari, Indígenas da floresta amazônica, os quais comiam seus entes queridos após a morte em um ritual sagrado, dos Monges Tibetanos, os quais, após a morte, eram servidos aos pássaros, tudo com significado cultural e muito importante para esses povos, no entanto, para nós são repugnantes.
E dessa forma, ela continua mesclando rituais antigos e atuais da história medieval e contemporâneo com o próprio trabalho na funerária citando inclusive artigos de especialistas no assunto tanto no campo da história como do ramo da indústria morte, propiciando a narrativa da obra riquíssima em conhecimento, na verdade uma aula de história e curiosidades.
Um dos fatos interessante que a autora cita é o enterro biodegradável consistente no corpo envolvido em um material específico, depois é depositado na terra, e por fim, planta-se uma árvore e assim o corpo dará nutrientes para a planta se desenvolver, esse é o preferido de Caitlin.
Nesse tempo todo, o qual, a autora esteve na Westwind, ela se deparou com vários tipos de corpos e partes deles também, o mais delicado para ela era cremar bebês, a deixavam sentimental. Além de narrar como era feito o embalsamamento moderno, não era como os dos faraós do antigo Egito, mas faz parte hoje em dia, contribuindo para uma aparência melhor da pessoa que morreu servindo para um consolo para os familiares. Mas a reflexão é:"Ficamos muito frágeis até após a morte ".
Caitlin conta como se decidiu matricular-se na Faculdade da morte, e nesse ínterim, ela teria que deixar seu trabalho na Westwind e narra como seus futuros substitutos preenchiam a ficha de emprego, que por sinal é muito ilário o que eles e elas respondiam. Mas ela também precisaria de um novo emprego, nisso, ela conseguiu um, o qual não era o pretendido, mas servia para pagar as contas (Motorista de Van Mortuária) transportando pessoas mortas para uma agência funerária popular, o veículo podia transportar cerca de 11 corpos e fazia por dia 500 Km rodados.
Duas vezes, a Autora deu de cara com a morte, ambas aconteceram em seu automóvel. Uma que ela mesma quase causou e outra em um acidente, a reflexão desses acontecimentos :"Todas as pessoas têm medo da morte, mesmo àquelas acostumadas com ela".
No epílogo do livro, Caitlin narra sua volta à Westwind e sobre a morte de sua avó, a qual não foi i esperado e a frustração de ver seu ente querido em uma situação a qual abominava e muito tempestuosa.
A Autora reflete em um local, digamos que para ela era mórbido em demasia: "O Cemitério ", onde as pessoas sob aquele silêncio enterrados (escondidos) nas valas dos túmulos se decompondo. "O Silêncio da morte, do cemitério, não era uma punição, mas uma recompensa por uma vida bem vivida ".
Comentários sobre a Obra
Confissões do Crematório de Caitlin Doughty, narrada em primeira pessoa, uma narrativa autobiografica, apresentando o narrador personagem. É uma verdadeira obra de arte literária contemporânea no tocante à construção da narrativa, o enredo bem articulado, amarrando as histórias, sem necessidade de continuação, ou seja, pode aprecia- las separadamente, pois o assunto é o mesmo (morte) com vários contextos em no tema principal:" O Crematório, local de trabalho da autora".
Explanar sobre a morte é algo muito difícil, pois é um assunto delicado e a maioria das pessoas realmente não gostam por inúmeras razões, especialmente quando se trata da morte terrena, da decomposição, das maneiras tais como um ser humano morre, é no mínimo mórbido e negativo devido à realidade que isso representa para as pessoas no sentido da perda e da morte propriamente dita. Diferente da morte no sentido espiritual, resplandece a esperança de encontrar o ente querido novamente em outro plano.
A verdade nua e crua sobre a morte é que todos os seres irão nascer, envelhecer , morrer, se decompor e voltar ao nada. Dentre muitos relatos inseridos na obra, os aspectos dos vários tipos de mortes, dos vários tipos de pessoas nos trazem a uma realidade que na maioria das vezes não desejamos nem por brincadeira passar. Ver uma pessoa morta, nos faz refletir qual o sentido da vida, para aonde vamos, ou será que morreu acabou.
A Autora expõe sobre as escaras em pessoas, as quais, ficaram muito doentes e em decúbito no leito por muito tempo. "Muitos de nós apodrecemos vivos, somos seres tão frágeis e vulneráveis ".
Historicamente, a obra contribuí muito com o tema da morte acerca sobre vários ritos, mitologias e culturas, inclusive sobre assuntos tais como o sobrenatural e bruxaria enfatizando a morte, objeto de estudos na graduação de Caitlin, propiciando a narrativa ricamente informativa aguçando a curiosidade, não só pelo trabalho descrito pela autora em uma funerária, e pela cremação, mas em evidenciar a prática dessa cerimônia funerária muito comum na Ásia e o velho Mundo, estarem muito em alta no ocidente, no entanto de forma diferente.
Sobre a profissão de Agente Funerária, Caitlin Doughty fez um panorama de sua função no Crematório, descrição de muitos pormenores tais como o embalsamamento, recolhimento de corpos, cerimônias de cremação presenciais, sepultamento normais em cemitérios. Tudo isso, com humor, autobiografia da mesma, transparecendo suas frustrações, contentamentos, o mais importante é o respeito e dignidade por todas aquelas pessoas as quais deixaram esse mundo material em seus últimos momentos com seus entes queridos ou não.
"Concluindo, é um livro para quem planeja morrer um dia"...palavras da Autora uma realidade muito significativa e certa.
Um pouco da Autora
"Caitlin Doughty " |
Caitlin Doughty (Oahu, 19 de agosto de 1984) é uma escritora, blogueira, youtuber e agente funerária norte-americana. Caitlin trabalha com a conscientização da morte, por uma reforma no sistema funerário e nas práticas da indústria funerária dos Estados Unidos.
Aos 8 anos, testemunhou a queda de uma criança do segundo andar de um shopping center na cidade, sem compreender que a criança tinha morrido. Por anos, ela temeu a morte e a morte de seus familiares pela forma como todo mundo tratava o assunto da queda, sem falar sobre ele, sem se permitirem sentir o luto da morte. Isso a levou a se interessar pela morte biológica e pelos rituais de morte de vários lugares do mundo.
Estudou na escola St. Andrew, uma escola preparatória para meninas em Honolulu. Ingressou na Universidade de Chicago, onde se graduou em história medieval, com foco na cultura e nos rituais de morte do período. Estudou os julgamentos das bruxas da era moderna e dirigiu uma peça escrita com base no poema "Goblin Market", de Edgar Allan Poe e Christina Rossetti.
Caitlin fez um curso de ciência mortuária no Cypress College, formando-se como uma agente funerária licenciada. Em seguida, fundou a The Order of the Good Death, uma associação de profissionais funerários, com a presença de artistas, escritores e cientistas, que visam reformar o sistema funerário, desde o momento da morte até o sepultamento.
É Owner da Clarity Funerals and Cremation, em Los Angeles, criadora da web-série "Ask a Mortician", fundadora da The Order of the Good Death e autora de três livros, Smoke Gets in Your Eyes & Other Lessons from the Crematory em 2014, From Here to Eternity; Traveling the World to Find the Good Death em 2017 e Will My Cat Eat My Eyeballs?: Big Questions from Tiny Mortals About Death em 2019.
Por Lady Hannah
Fontes: Wikipédia, Livros de literatura, sites biográficos, sites de pesquisa, Livros da Autora
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