Análise de Alma Solitária - Cruz e Sousa

 



"Cruz e Sousa"

Nasceu dia 24 de novembro de 1861, filho dos escravos alforriados Guilherme da Cruz, mestre pedreiro, e Carolina Eva da Conceição. João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa , de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.

Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885, lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com diversos jornais. Em fevereiro de 1893, publicou Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura. Cruz e Sousa Faleceu em 19 de março 1898 em Minas Gerais de Tuberculose. Em  2007,  seus restos mortais foram acolhidos no Palácio Cruz e Sousa, antigo palácio de governo do estado de Santa Catarina e atual Museu Histórico de Santa Catarina, no centro de Florianópolis.
Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número 15.
Segundo Antonio Candido, Cruz e Sousa foi o "único escritor eminente de pura raça negra na literatura brasileira, onde são numerosos os mestiços".




Alma Solitária 


Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!


Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!


que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?


Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!






Possível Análise


Todos os textos Poéticos a estilística é bem marcada com figuras de linguagens, as quais propiciam uma harmônia, musicalidade e outros elementos que tornam a lira poética atrativa;  o movimento literário  e contexto histórico também influênciam  para o entendimento significativo sobre o  que o Eu-lírico está se referindo;

Essa Poesia "Alma Solitária"  de Cruz e Sousa está inserido na Obra póstuma  "Últimos Sonetos "  publicado em 1995; evidentemente é um Soneto ( quatro estrofes poéticas composta por dois Quartetos e dois Tercetos com rimas ABBA nos quartetos e AAB nos Tercetos).

Analisando por estrofes Poéticas com características Simbolista e elementos de estilística mais marcantes

Alma Solitária pertence à estética literária Simbolista  com referência ao transcendental,  o Eu-lírico  excede o tempo e espaço ao referir-se ao Ser Amado, veja: 

"Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!"

Outras características marcantes nesse Soneto  são a ampla valorização da espiritualidade humana e valorização do inconsciente e do consciente humano, rompendo com as barreiras impostas pela racionalidade, veja: 

"Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!"


Nesses dois Tercetos do Soneto   temos duas indagações os quais refletem uma resposta  subjetiva, isso retrata a característica Simbolista da  intuição e descartando a racionalidade e a lógica, veja:


"que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?

Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!" 



Mais sobre o Soneto 


 Cruz e Sousa inseriu linhas poéticas com combinações de Símbolos  psicológicos tais como "Alma, Arcanjo" os quais são pontos de referência ao Ser Amado; usa também símbolos com personificação humana referente a figura de linguagem ( prosopopéia),  tais como "citara soluçam solitárias;  quantas sombras várias de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo" .

O Eu-lírico retrata o ser Amado de forma mística,  talvez inatingível por estar em um mundo surreal e matafisico, a qual experimenta  sensações  incompreensíveis e subjetivas,  os quais o Eu-lírico tenta decifrar; uma Alma comparada com Arcanjo perdida entre a melancolia  e a esperança. Texto Poético  reflexivo/ Psicológico, com influências estilística e filosóficas  de Baudelaire, porém, com a essência inconfundível do Admirável Cruz e Souza.

"O livro"



Por Lady Hannah

Fontes: LIvros Literários, sites de busca Literários e biográficos, Wikipédia

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