Solitário - Augusto dos Anjos (Possível Análise do Soneto)


 

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sapé, 20 de abril de 1884 – Leopoldina, 12 de novembro de 1914 "Pneumonia). Foi um Poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.
Cursou a Faculdade de Direito  na Universidade Federal de Pernambuco
Foi Poeta, Professor, Escritor; Obras destacadas "Eu" Movimento estético parnasianismo, simbolismo, pré-modernismo.
É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, focando suas críticas ao idealismo egocentrista que se emergia em sua época, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.
É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras (APL), que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente, por José Nêumanne Pinto. Augusto dos Anjos também é o patrono da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.
O epíteto de Poeta da Morte decorreu de sua poesia violenta, permeada por um profundo pessimismo e angústia moral, sua obra canta a miséria da carne, a efemeridade e em putrefação. Não amava a vida, tampouco tinha apreço pelo amor. Mas isso não lhe impediu de lutar pela qualidade de ensino nas escolas públicas; e esses e outros Estigmas fazem de Augusto dos Anjos um dos poetas mas estudos dos últimos tempos.



Solitário



Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbas carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!







Possível Análise


Ao Analisarmos um Texto Poético, vários elementos  nos chamam atenção na análise, tais como:   a estilística  bem marcada com figuras de linguagens, as quais propiciam harmônia, musicalidade e outros itens  que tornam a lira poética atrativa;  o movimento literário  e contexto histórico também influênciam  para o entendimento significativo sobre o  que o Eu-lírico está se referindo;

 A poesia em questão "Solitário" de Augusto dos Anjos foi publicada em 1912,  na obra "Eu", seu único livro, com 58 poemas, que chocou pela agressividade do vocabulário e por sua obsessão pela morte. A esse tempo, Augusto declarou-se "Cantor da poesia de tudo que é morto" e durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário mórbido e vulgar.

Voltando á Poesia, é um Soneto composto de (dois quartetos e dois tercetos) ; com rimas AC/BD nos quartetos e AA, BB, CC nos tercetos.

Análise geral do Soneto, por estrofes poéticas: 


"Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!" 

Nesta estrofe poética: 

Há um dúbio entendimento, da mensagem do Eu-lírico; entende-se que seria ele uma ser atormentado e moribundo ir até a porta do ser amado; o outro sentido seria ele (Eu-lírico), estar em um  cemitério feito fantasma a bater no túmulo do ser amado, que se fora. É evidente que nessa estrofe poética há traços expressionistas ( ao citar a natureza morta), a solidão de um cemitério e a morbidade que isso transparece; ao mesmo tempo temos os fantasmas, símbolos Fantásticos e sobrenaturais do simbolismo ressaltando que apesar da mensagem funesta, a estrofe tem uma certa emoção.


"Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!"

Nesta estrofe Poética: 

O Eu-lírico expressa-se onde é feita uma análise dele mesmo, utilizando-se de metáforas grotescas e diretas para denominar o quão estava "frio" naquele momento, nesse sentido, essa estrofe poética é puro expressionismo principalmente pela pala palavra "carniça" e a substituição de um ser quente que possa esquentar o outro por "carnes".


Nos tercetos: 


Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbas carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!


A mensagem dos tercetos depende dos dois enfatizado juntos; e nota-se que o ser amado não apareceu para ver o quão solitário e desgracado estava o Eu-lírico, mas o que tinha no lugar do Amor invocado era um velho caixão, com apenas ossos a chocalhar, revestidos com pela ressequida.
Puro expressionismo, liras com pouco sentimentos, as quais a morte é o fim de tudo, não existe nada mais além, disso.





Uma curiosidade, pelo Autor dessa possível análise: 

O Soneto, Solitário, é muito semelhante  muito com duas   passagem da Obra "O Morro dos Ventos Uivantes" (Emily Brönte); uma delas  é sobre o Fantasma de Cathy que está a noite do lado de fora e pede para entrar, pois o frio estava muito intenso; a outra, e quando Heathclif vai para o túmulo de Cathy várias vezes para desenterrá-la.  Apesar de ser contextos diferentes, é possível essa alusão no mundo literário.


Mais sobre Augusto dos Anjos 


Realmente a Obra Poética de Augusto dos Anjos apesar de pertencer ao Simbolismo literário,  consegue fundir ou mixar as três Estéticas  literárias (Simbolismo, Parnasianismo e Expressionismo do Pré modernismo), a estrutura dos Sonetos perfeitas a qual é característica do parnasianismo impera em suas produções, mescladas com a expressividade de liras poéticas com metáforas fortes e agressivas e a musicalidade do simbolismo ressaltado com itens fantásticos. Um dos Poetas mais excêntricos que se possa conhecer em nossa Literatura Brasileira e Universal.

"Eu, poemas de Augusto 
Dos Anjos" 





Por Lady Hannah 


Fontes: Livros de Literatura Poética, Sites Biográficos, Wikipédia 



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