Estrela D'alva Poesia e Lenda Indígena
Estrela Dalva
Vejo uma estrela no céu, tão distante, brilha como diamante!
Afastada de outras constelações, é a maior de todas, parece redonda de quatro pontas;
Nas noites de verão, ela fica perto da Lua, uma parceria una!
Do patamar do meu jardim, fico horas sem fim, olhando para o céu estrelado, vejo Tainá-Can e a Jovem bondosa n'uma harmonia celestial
e contemplando fico, aquela que me fascina e
intriga!
Essa estrela brilhante como diamante, planeta Venus;
Deusa da Beleza e Amor!
estrela tão bela, que hipnotiza os jovens amantes, é algo mirabolante!
Estrela Dalva, conhecida por muitos, magnífica;
nas manhãs em pleno amanhacer,
brilha sozinha, anunciando um novo dia;
Veja as Estrelas no Céu, dádiva do Universo, assunto de Mitologia, pura magia!
Poesia Lady Hannah
"Planeta Vênus, mais conhecido como Estrela D'alva" |
Estrela D’alva”, Estrela da Manhã, Estrela da Tarde ou ainda Hésperus e Lúcifer são os vários nomes atribuídos a um astro que na verdade se trata do planeta Vênus. Conhecido como a mais remota antiguidade, o culto e várias referências ao planeta Vênus foram feitas pelas civilizações antigas durante os milênios. Seu brilho intenso sempre chamou atenção dos povos de todos os continentes em todas as épocas.
O Planeta está entre a Terra e o Sol. Por isso, nunca veremos Vênus acima de nossas cabeças no céu noturno. Sempre o veremos no Leste "nascente" nas madrugadas antes do nascer do Sol como estrela matutina (estrela da manhã) e, no Oeste "poente"após o pôr do Sol como estrela vespertina "estrela da tarde".
Lenda Indígena Brasileira
O céu profundo, com suas estrelas brilhantes, sempre exerceu fascínio sobre o espírito humano. Deitados entre o céu estrelado e a fina areia da praia do rio Araguaia, no Brasil central, estremecemos e nos enchemos de encantamento. Vem-nos instintivamente à memória cósmica reminiscências ancestrais, de quando estávamos todos juntos no coração das grandes estrelas vermelhas. Pois lá se encontra o nosso berço e de sua explosão, há bilhões de anos, é que se formaram todos os tijolinhos que compuseram as galáxias, as estrelas, o sol, a lua, a terra e cada um de nós. E, porque nascemos das estrelas, existimos para brilhar e irradiar.
Iameru, bela jovem Karajá, era cheia de graça e de magia, embora insegura em seus sentimentos. À tardinha, à margem do Araguaia, gostava de contemplar Tainá-Can, a estrela-d'alva, que apontava por primeira, no firmamento. Estranhamente, tomou-se de a paixão da Jovem.
"Iameru" |
Não aguentando mais a dor de amor, dirigiu-se ao pajé para que invocasse ardentemente os espíritos da tribo para que fizessem descer a estrela Tainá em forma humana. Prometeu até casar-se prontamente com Tainá-Can, caso fosse atendida em sua súplica.
Com efeito, no dia seguinte, numa noite de luar, um raio iluminou um canto da praia. Tainá-Can descera à Terra. E veio, calmamente, caminhando na direção de Iameru. Sua aparência era de um velho encurvado, cansado de dias e anos e cheio de rugas.
Iameru, ao vê-lo, encheu-se de decepção e de espanto.
Como poderia uma estrela tão brilhante aparecer daquela forma "tão miserável", e imediatamente o repudiou e pediu que fosse embora e não voltasse nunca maispois ela era linda e jovem não merecia alguém tão asqueroso.
Tainá-Can, estrela rutilante do céu, assumira a forma de um velho repugnante para testar o amor de Iameru e colocar à prova sua ardente paixão. Decepcionou-se com o fogo de palha do sentimento da jovem Karajá e se entristeceu com os maus tratos. Seus olhos se encheram de lágrimas.
"Tainá-Can" |
Estava pensando em regressar ao céu, quando lhe veio em socorro a irmã de Iameru, a jovem Denaquê que, de longe, tudo acompanhara. Não era bela de rosto nem de forma, mas possuía qualidades que faltavam à fútil Iameru: bondade, amorosidade, gentileza, compaixão e especial capacidade de cuidado.
Aproximou-se do velhinho Tainá-Can, enxugou-lhe as lágrimas e pediu-lhe desculpas pela rudeza da irmã e se ele não se importasse, ela iria cuidar dele e se ele quisesse e gostasse dela poderia ser sua esposa.
O rosto de Tainá-Can se transfigurou. E, agradecido, beijou suavemente a testa de Denaquê e muito emocionado, a tomou como esposa e pôs-se a fazer preparativos para cultivar a terra para que nunca faltasse alimento para o jirau da bondosa Jovem e seria um bom marido para ela.
"Denaquê" |
Denaquê não entendeu a palavra "cultivar", pois até aquela época os Karajá somente comiam peixes e caça. Não cultivavam a mandioca, o milho e o ananás, atualmente suas principais fontes de alimento.
A Jovem nem teve tempo de pedir explicações, pois o bom velhinho, exultante de alegria, foi à roça fazer o cultivo do milho, da mandioca, do ananás e de tantas coisas boas para os Karajá.
Todos na tribo se perguntavam quem seria aquele velhinho todo enrugado. M as respeitavam o amor de Denaquê e admiravam sua assiduidade no trabalho.
Certo dia, Tainá-Can não regressou na hora costumeira. Denaquê, como mulher amorosa, teve um pressentimento e foi procurá-lo na roça. E ao chegar, encheu-se de estupor. Viu um jovem guerreiro, todo iluminado, com o corpo pintado dos mais belos desenhos. Reconheceu ser Tainá-Can, revestido do esplendor da estrela-d'alva.
"Tainá-Can, sobre a essência da Estrela D'alva" |
Seu estupor aumentou ainda mais ao ver aos pés do guerreiro plantas desconhecidas.Era milho e mandioca para alimenta-la e todos da tribo.E se abraçaram amorosa e longamente. Contentes, voltaram abraçados para a maloca. A notícia se difundiu por toda a floresta e todos participaram daquela nova felicidade.
"Cultivo do milho e mandioca" |
Iameru, ao ver Tainá-Can tão belo e a irmã tão feliz, se encheu de ressentimento e de inveja. Recriminava-se a si mesma por não Ter sabido ver, por detrás dos traços rudes do velhinho, o esplendor da estrela-d'alva, de Tainá-Can, de quem outrora se havia enamorado ardentemente. Desesperada, desapareceu na floresta.
Soube-se depois que Tupã a havia transformado no pássaro urutau. Até hoje, em noites de luar, quando a estrela d'alva, Tainá-Can, mais brilha, emite sons estridentes e tristes, lamentando haver perdido um amor tão cobiçado.
"Iameru, transformada no Urutau" |
Depois de Ter vivido feliz com Denaquê muitos e muitos anos e Ter ensinado aos Karajá a cultivar o milho, a mandioca e tantas coisas saborosas, Tainá-Can voltou ao céu para continuar a brilhar eternamente. E levou consigo a sua amada Denaquê. Por isso, como companheira inseparável, brilha no céu, sempre junto da estrela-d'alva, uma estrela singela e de brilho esmaecido. É a Denaquê, a adorável esposa de Tainá-Can.
"Tainá-Can e sua Esposa Denaquê felizes para sempre no céu estrelado" |
Moral da estória
A vaidade, a arrogância, o superego, a inveja muitas vezes fazem das pessoas seres incapazes de perceber qualidades nas outras pessoas e no ambiente; o material, o externo é o mais importante corrompendo e denegrindo o indivíduo.
O Povo Indígena sabia muito bem que "Tudo nessa vida é material e acaba, o que fica são momentos de amor, felicidade e nossos feitos, rico ou pobre, feio ou bonito, a Humildade, a Solidariedade são os que vencem sempre".
Ditos populares muito verdadeiros "Nem tudo que reluz é ouro e os melhores perfumes estão nos menores frascos".
Por Lady Hannah
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Fontes: livros de lendas indígenas Brasileiras
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