Gita de Raul Seixas e Paulo Coelho, uma possível análise




A música "Gita", é uma composição de Raul Seixas em parceria com Paulo Coelho, vendeu na época mais 600 mil cópias, como disse o próprio Raul essa canção poética teria "sete" níveis de entendimento, vamos a um deles:

Bhagavad Gita "sânscrito" que significa "canção do bem-aventurado"  é um texto religioso hindu. Faz parte do épico Mahabharata,  foi escrito em IV A.C.

O texto, escrito em sânscrito, relata o diálogo de Krishna, considerado como a suprema personalidade de Deus  com Arjuna "Seu discípulo guerreiro" em pleno campo de batalha. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre seu dever e recebe iluminação diretamente do Senhor Krishna, que o instrui na ciência da autorrealização ao explicar-lhe o sustentáculo do Reto Agir (o dharma, o karma-yoga, o serviço desinteressado.). No desenrolar da conversa são colocados pontos importantes da filosofia divina, que incluía já na época elementos do bramanismo e do Samkhya.

A obra é uma das principais escrituras sagradas da cultura da Índia e compõe a principal obra da religião Vaishnava, que envolve várias ramificações de fé em Vishnu ou Krishna, dentre as quais o popularmente conhecido movimento para consciência de Sri Krishna, que a difundiu, a partir de 1965, no ocidente, através de Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada.

O Bhagavad Gita é a essência do conhecimento védico da Índia e um dos maiores clássicos de filosofia e espiritualidade do mundo. A filosofia perene do texto tem intrigado a mente de grandes pensadores da humanidade, influenciando inúmeros movimentos espiritualistas.


Trechos que inspiraram Raul e Paulo Coelho

"Eu sou o ritual e também o sacrifício. Eu sou a oferenda, eu sou a erva, eu sou todos os mantras, eu sou todo o perfume, e também o fogo que consome o sacrifício. Eu sou o eixo que sustenta o universo, o pai, a mãe e o avô. Eu sou o objeto do verdadeiro conhecimento.

Eu sou a sílaba sagrada AUM, e todos os vedas. Eu sou o início e o fim do caminho. Eu sou o criador e também aquele que a tudo sustenta. Eu sou o juiz e a testemunha. Eu sou a mansão e o abrigo. Eu sou o refugiado e o amigo.

Eu sou o princípio e o fim. A origem, a fundação e a destruição. A substância e a semente eterna, que jamais deixará de dar frutos. Eu oferto o calor e a luz do sol. Eu comando e retenho a chuva. Eu sou tanto a morte, quanto a imortalidade. Eu sou tudo o que existe no tempo e, não obstante, eu sou sempre um e o mesmo, oh Arjuna"...


Letra de Gita "Álbum Gita, 1974" compositores "Raul Santos Seixas e Paulo Coelho Souza, e  uma possível análise

Eu, que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando
Foi justamente num sonho que Ele me falou

"A intensa procura sobre algo para dar sentido à vida,  entender o porquê dos acontecimentos auspiciosos e não auspiciosos,  das lutas, das tristezas, alegrias, da essência de tudo que existe."

Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao seu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar

"Aspectos relativos ao subjetivismo do Poeta e paradoxos de idéias de recusa e ao mesmo tempo de um aceitamento obscuro e obsessivo" , outro significado que seria "O Próprio Deus que não vemos, talvez não sentimos, mas está em nossas vidas em todos os sentidos"...

"Versos baseados no Bhagavad Gita", 

eu sou a a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar

"Deus é a essência dos seres e de tudo que habita no universo"...

Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou

"Deus habita nos simplórios;
Imagines e terás, pois Deus é o imaginário"
"O blefe do jogador", é a estratégia de estar entre o bem e o mal e ter o livre arbitreo.

Eu sou o seu sacrifício
A placa de contra-mão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição

 "Esse trecho significa a vida e seus sacrifícios, muitas vezes somos vítimas do destino, ele nos suga como um vampiro, o qual ceifa nosso sangue dia após dia,
As maldições são as que as pessoas  proferem acerca do sofrimento"... 

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada

"A vela acesa é a Esperança, o nascimento, a vela apagada é a morte, a estagnação, a inércia; a beira do abismo significa a destemperança humana, a beira da destruição que o mundo sempre está, e um novo Renascimento por vir; na prática, o tudo e o nada caminham juntos, tudo nasce se transforma e se torna pó" ...
Esses paradoxos definem que somos propensos a escolher entre a fé e o ceticismos; com fé no Deus supremo nossa vela nunca se apagará,  e o nada nunca estará em nossas vidas ..

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar

"Questionamos muito a Presença de Deus no Universo, mas a resposta é que Ele esta nos três Pilares da composição da terra criadas por Ele mesmo: "Terra, Fogo e Ar", que ao mesmo tempo são os elementos dos signos dos zodíacos"...

Você me tem todo o dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim

"Muitas vezes somos incrédulos e confusos, e não conseguimos absorver a energia suprema de Deus"

Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra "A" tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos "peg-pagues" do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo

"Se Você tem fé, o telhado da sua construção será sólido, para que se abrigue com segurança; o pão de cada dia sempre conquistarás,  viverás com amor!
Ele cita a dona de casa nos peg-pagues do mundo, simboliza  a fraqueza humana pelo consumismo, de coisas que nem precisa; o Carrasco é a punição pelos nossos atos que nós mesmo procuramos que resulta em em punição branda até a  mais "profunda"."

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
É, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio

"Nesse trecho são as adversidades que encontramos na vida: "a mosca da sopa, o dente do tubarão; cita a "Sabedoria" enfatizada nos olhos do cego, e a "Tolice" de quem pensa ser Sábio; O amargo da da língua, o "fel", nesse sentido pode até ser "Jesus Cristo" , na cruz que sentiu sede e lhe deram vinagre", pois como a poesia foi baseada no Bhagavad Gita, "Khrisna" é comparado a Jesus" e Jesus "o cordeiro de Deus", foi sacrificado para salvar os pecados do mundo, por isso, ele nos concedeu que possamos continuar nesse mundo" a mãe, o pai, o avô, o filho que ainda não veio"; o inicio "a criação, o fim "a destruição e um possível renascimento" e o meio "nossa existência"....

O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio

"Raul Seixas foi e é O Poeta Profeta de todos os tempos, seu legado e nome perpetuarão na imensidão do Universo".




Por Lady Hannah
Fontes: Wikipédia, livros de cultura hindu, sites biográficos


Mais sobre  letras de música de Raul Seixas "Trem das Sete, uma possível análise

https://analice-alves.blogspot.com/2009/12/raul-seixas-e-o-misticismo-da-cancao.html?m=1
















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